domingo, 12 de junho de 2011

Minha relação com a depressão

Publicado em 2 de março de 2010 às 17:43


O ano "novo" chegou rápido e já no início já cheio de acontecimentos para mim... Ainda bem passou o Natal, reveillion, carnaval... (ah, se eu pudesse nesse período eu hibernaria), graças já começaram as aulas e continuo sobrevivendo. Mas, o que estou realmente querendo é estar vivendo, e não somente passando os dias, imaginando ou me angustiando pensando em como poderia ser ou ter sido, ou sei lá...! Para isso estou lutando contra mim mesma, e isto é especialmente difícil. Tenho depressão bipolar, e é difícil na maioria das vezes eu conseguir distinguir entre o que é uma melhora ou apenas mais um surto de euforia. Neste tipo de depressão o tratamento se complica e normalmente é mais demorado, pois como acontece comigo, na fase "boa" me sinto bem e consequentemente paro os medicamentos, e aí quando vem a fase depressiva, tudo fica pior.

A constatação e a aceitaçao da doença é primordial para o sucesso do tratamento. Eu estou me esforçando e todo dia presto atenção em pequenos sinais, as vezes eles existem, ás vezes não, e de vez em quando não são bons.. faz parte, ainda... Não páro mais os remédios.

Mas ontem choveu, muito, choveu muito mesmo..., e eu tinha acabado de chegar em casa de um dia estressante, irritadiço cansativo, mas produtivo. 

Aí começou a entrar água dentro de casa, e o cano de escoamento do terraço entupiu. Uns tempos atrás eu estaria surtando... Mas, não fiquei irritada, fui desentupir o cano debaixo de toda aquela chuva ( a sorte que a água nao estava muito fria.. detesto água fria..rs). Então vi na casa do meu vizinho de frente, os brinquedos dos filhos deles descendo escada, ou melhor, correnteza abaixo e indo para a rua. Desci rápido e fui buscar as bolas, carrinhos... E daí , embaixo da chuva torrencial com águá nos tornozelos, me senti viva, que sensação gostosa que eu nao me lembrava mais.

Minha filha me viu na chuva e veio também e brincamos de carrapicho no meio daquela enxurrada, espalhando água e consegui dar umas gargalhadas, tivemos que correr para pegar os nossos chinelos já sendo levados rua abaixo.

Aquela sensação durou pouco (pois o instinto maternal dizia não ser muito bom para garganta da minha gatinha ficar naquela chuva..), mas tenho certeza que não foi euforia, não foi um surto, eu realmente me senti ali, naquele momento, inteira, senti cada minuto, senti a chuva, senti , simplesmente senti algo que há muito tempo não sentia mais e nem sei como denominar.

Durou pouco, mas foi de verdade. Este momento, simples, mas muito importante para mim, me dá esperança de um dia ter outros que durem mais um pouquinho e assim vou reaprendendo a viver, recomeçando a prestar atençao nos detahes bons e dar valor as coisas simples que podem me fazer muito bem.
Beijos









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